Doutorando da USP é vítima de injúria por ser nordestino: “Seu paraiba pobre burro, ignorante comedor de areia!”

Injúria contra nordestinos
Professor Lúcio Villar
201209050628190000009153O leitor é testemunha de que nas poucas vezes em que esse espaço foi usado para externar questões de fundo pessoal, excepcionalmente se reportaram ao nascimento de meus filhos. Ponto. Entretanto, nesta quarta-feira, uma nova exceção justifica a incursão na medida em que o fato a ser tornado público tem ressonâncias que extrapolam o campo estritamente pessoal. Adquire, por isso mesmo, caráter coletivo, de interesse público. O fato: fui surpreendido no último sábado com as mais estúpidas e gratuitas agressões no bate-papo do Facebook, reproduzidas abaixo, com identificação do autor (certamente fake), com o qual não tenho qualquer vínculo ou conhecimento:
Gabriel Paulo
Início da conversa no bate-papo
Sábado 11:05

Seu paraiba pobre burro fudido! Nunca será. Miseravel ignorante comedor de areia! Petista imbecil! Vai aprender a ler filho da p… antes de sair procriando q nem rato!
Volta pra tua terra miseravel!!!
Nordestino filho da p…! Aposto q vive de migalha do governo. Babão comedor de areia. Nunca será! Zé povinho!
Gentalha como vc tem que ser exterminada pra nao procriar mais!
​         Esse tipo abjeto de manifestação é reflexo do tom beligerante que invadiu as redes sociais (especialmente os microblogs) nos últimos meses. Foi algo estimulado por sociólogos, jornalistas e até um ex-presidente após as últimas eleições presidenciais, responsabilizando os nordestinos “burros” e “analfabetos”, segundo eles, pela derrota do candidato tucano.  Para essas pessoas, a campanha ainda não acabou. Atropelam, com isso, noções de civilidade e espírito democrático, itens que deveriam nortear a política.

Quanto ao “cidadão” em questão, espero contar com apoio do Ministério Público Federal no sentido de identificar a real identidade do autor das manifestações de preconceito e ódio, além do crime de injúria racial contra nordestinos configurado e que não deveria ficar impune.

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