PB, PE, CE e RN são Estados mais afetados pela pior seca dos últimos 50 anos

A seca no nordeste é a pior dos últimos 50 anos. Os estados mais afetados com a crise hídrica são Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. Dos cerca de 500 reservatórios nordestinos monitorados pela Agência Nacional da Água (ANA), 316 acumulavam menos de 30% da sua capacidade ao final do primeiro semestre de 2015. O Rio São Francisco é um dos principais afetados e teve a maior redução do nível da água dos últimos anos.

A situação tende a piorar, apesar de não haver ainda um prognóstico oficial sobre a chuva que deve cair a partir de 2016, o que normalmente é divulgado lá pelo mês de janeiro, os dados dos centros de meteorologia de diversos países mostram uma forte tendência para a permanência nos próximos meses do fenômeno El Niño. Considerando que a intensidade do fenômeno previsto para 2016 é maior que o verificado entre 2012 e 2015, período com chuvas abaixo da média, é bastante preocupante a situação da reserva de água na região para o próximo ano.
Rodízio no Grande Recife

Em Pernambuco, especialmente na Região Metropolitana do Recife, o problema de falta d’água não é novo, mas se agravou com a seca. Foi necessário intensificar o rodízio nas cidades da parte Norte devido ao nível da barragem de Botafogo, atualmente com 32,8% de sua capacidade acumulados. Desde novembro de 2014, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) decidiu aumentar o rodízio para evitar o colapso total do abastecimento nas cidades de Olinda, Paulista, Abreu e Lima e Igarassu. Também no Agreste houve intensificação do rodízio devido ao baixo nível do Sistema Jucazinho. Com uma acumulação de apenas 2,6%, a vazão de retirada de água desse manancial precisou ser reduzida.

Desde o dia 1º de outubro, cidades como Toritama, Vertentes, Frei Miguelinho, Santa Maria do Cambucá, Vertente do Lério, Surubim, Salgadinho, Casinhas, Passira, Cumaru, Riacho das Almas e Santa Cruz do Capibaribe estão num esquema de rodízio de dois dias com água para 28 sem água no mês.

Paraíba, 96 localidades em racionamento
30 açudes estão sem condições de abastecer cerca de 96 cidades, distritos e comunidades. 25 cidades estão em situação de colapso de abastecimento. Essas localidades estão sofrendo algum tipo de racionamento. Entre elas, Campina Grande, a segunda maior do estado, e cidades de médio porte, como Patos, Sousa e Cajazeiras. Segundo a Defesa Civil, no estado 197 cidades estão em situação de emergência desde 2012. Só do semiárido são 170 municípios, 27 do agreste e toda a região da Borborema, com 66 municípios.

Estiagem atinge 95% do RN
No Rio Grande do Norte, reservatórios secaram, cachoeiras e o verde da vegetação desapareceram, o solo ficou árido e animais e plantações foram quase dizimadas. O nível dos reservatórios é preocupante. A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, maior do estado, que tem capacidade para 2,4 bilhões de metros cúbicos, está com apenas 681 mil metros, o que representa 28,38% da capacidade total. Resolução da conjunta da ANA com o Instituto de Gestão de Águas do RN (Igarn) suspendeu o uso da água da bacia Piranhas-Açu para fins de irrigação desde junho. A seca que atinge o estado desde 2012 já contabiliza prejuízos que superam a cifra de R$ 4,6 bilhões, o que representa uma redução de 57,54% da produção agropecuária em anos de inverno normal.

Pior seca em 50 anos
O Ceará vive pior período de escassez hídrica dos últimos 50 anos, segundo o Governo do Estado. Dos 153 açudes do estado, 24 estão secos e 41 já estão utilizando o volume morto. 28 cidades passam por algum tipo de racionamento, 178 localidades são abastecidas por carros-pipas. 176 cidades estão em situação de emergência. Nos locais críticos, onde os açudes têm baixa reserva hídrica, está sendo priorizado o uso da água para consumo humano, com suspensão da oferta para atividades econômicas. A intensidade da seca na maior parte do território está classificado entre os níveis de seca extrema e excepcional. O Governo torce pela aceleração da transposição do São Francisco. A obra é considerada indispensável para a garantia de abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, incluindo o Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

Água no limite
No Piauí, 152 cidades estão em situação de emergência. A maioria dos municípios afetados fica na região do semiárido, mas há também cidades da região norte que, além da perda na safra, enfrentam dificuldades no abastecimento de água. Nove municípios da região de São Raimundo Nonato dependem da barragem Petrônio Portella para o abastecimento. O reservatório só tem água até este mês. O nível dos rios está variando de normal a abaixo da cota.
Bahia, Sergipe, Alagoas e Maranhão

Esses estados, apesar de sofrerem com a seca, vivem uma situação um pouco mais confortável. Na Bahia, o rio Paraguaçu, que abastece a região metropolitana de Salvador, tem sofrido com chuvas reduzidas o que tem contribuído para a redução do volume do rio. Do Paraguaçu dependem 86 municípios. O rio é responsável também por 60% do abastecimento de água em Salvador e região metropolitana. Em Sergipe, carros pipas do governo federal vêm atendendo às regiões mais críticas, mas não há cidades em racionamento de água. Em Alagoas, a pouca vazão do rio São Francisco tornou deficiente o abastecimento, mas não há suspensão do fornecimento de água.

No Maranhão, há graves problemas de abastecimento de água, a maior dificuldades não vêm da seca, mas de falta de redes de abastecimento, adutoras, reservatórios e saneamento. São Luís vive um racionamento desde de 2009.
WSCOM Online com Revista Nordeste

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