Após radialista expor ‘temeridade’ na atividade radiofônica, relatório aponta que metade dos jornalistas assassinados em 2015 são do rádio

Coincidentemente no sábado (20), antes
dos números serem divulgados, a comunicadora do programa Araçá em Debate
da Rádio Comunitária Araçá FM da cidade de Mari, Mayara Paiva, revelou
a seus ouvintes a temeridade em tratar no radiofônico assuntos
relacionados a prefeitura, pois desde suas críticas a gestão municipal
no programa anterior, a mesma vinha recebendo indiretas, como se fossem
recados: “tome cuidado no que fala”, disse a radialista sem citar o nome
de quem teria lhe mando o suposto recado.
Apesar de durante a semana ter sofrido
pressão, Mayara disse não se intimidar e que continuaria fazendo as
críticas que achar pertinente com relação a gestão pública municipal.
A atividade de radialista e/ou
jornalista na cidade de Mari começa a inspirar cuidados, pois as falas
dos agentes públicos dão recados indiretos aos profissionais que
direcionam algumas críticas a gestão pública local, como por exemplo a
fala feita pelo prefeito de Mari Marcos Martins no seu programa
radiofônico semanal Governo em Ação levado ao ar pela Codecom na mesma
Rádio Araçá FM no último dia 30 de janeiro quando o mesmo insinuou que
alguém teria lhe proposto partir para a violência contra aqueles que lhe
fazem críticas, mas o próprio prefeito diz não ter aceito tal proposta.
Violência contra profissionais no Brasil em 2015
– O país aparece em pior situação quando o assunto é violência contra
jornalistas do que nações como Iêmen e Sudão do Sul, que estão em guerra
– a Síria, local mais perigoso para a atividade, registrou 13 mortes em
2015; no Brasil, foram oito.
Um dos casos mais chocantes e
emblemáticos dessa situação foi o assassinato do radialista Gleydson
Carvalho. Ele estava no ar, apresentando seu programa na rádio onde
trabalhava, em Camocim (CE), quando foi morto a tiros por dois homens
que invadiram o local. O profissional era conhecido por denunciar
irregularidades cometidas por políticos da região.
O crime, que aconteceu em agosto,
retrata bem o perfil das vítimas fatais no jornalismo em 2015. Todos os
oito mortos eram homens. Seis deles foram executados no Nordeste. E a
maioria, assassinada a tiros, estava envolvida com a cobertura da
política local. Quatro eram radialistas e outros quatro, blogueiros.
Para o presidente da Associação das
Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp), Alexandre Barros, o próprio
perfil do meio rádio acaba se tornando um agravante em meio a essa
violência. “Justamente por seu imediatismo, linguagem direta e
proximidade junto às comunidades, o rádio desenvolve uma atuação social
muito mais forte que outros veículos. Isso faz com que a repercussão de
seus conteúdos tenha um grande peso na opinião pública”, avalia Barros.
De fato, a praticidade e a informalidade
do rádio são características apontadas por especialistas como elementos
fundamentais para o compromisso social que o meio desenvolve. De acordo
com o jornalista e professor, Valdir Cruz, o rádio, por ser um veículo
barato e ágil, está sempre próximo da população e garante uma função
social natural. “Entre todos os meios de comunicação, incluindo a
internet no celular, o rádio é o mais prático, já que exige apenas um
sentido para ser captado, a audição. Além disso, a agilidade na
transmissão dos conteúdos complementa esse potencial de utilidade
social; com isso, ele se torna fundamental para o fortalecimento da
cidadania, oferecendo e disseminando informação, cultura e educação”,
explica.
IMPUNIDADE
Diante do cenário vivenciado dia a dia pelos profissionais e retratado no relatório da Abert, o presidente da associação nacional, Daniel Slaviero, acredita que a união da sociedade em defesa da liberdade de expressão precisa ser reforçada, assim como o combate à impunidade.Em 2016, segundo ele, a situação é ainda mais preocupante por ser ano de eleições municipais.
Diante do cenário vivenciado dia a dia pelos profissionais e retratado no relatório da Abert, o presidente da associação nacional, Daniel Slaviero, acredita que a união da sociedade em defesa da liberdade de expressão precisa ser reforçada, assim como o combate à impunidade.Em 2016, segundo ele, a situação é ainda mais preocupante por ser ano de eleições municipais.
“Todos os casos (de morte) que ocorreram
em 2015 estavam relacionados à investigação em casos de corrupção, seja
envolvendo agentes públicos ou empresários. Então, como estamos em um
ano de eleições municipais e os veículos de comunicação fazem um papel
investigativo muito forte, é uma preocupação para a Abert e para as
outras entidades que acompanham o trabalho jornalístico que esses
números não sejam agravados. E para que isso não ocorra, precisa haver
uma ampla investigação, apuração e punição rigorosa nesses casos para
que outras pessoas que queiram ter esse tipo de atitude contra
profissionais da imprensa sejam inibidas”.
Segundo o Relatório ABERT sobre
Liberdade de Imprensa – 2015, além das oito mortes, foram registradas 64
agressões. Esses casos, somados a ameaças, intimidações, vandalismo e
ataques, totalizam 116 ocorrências de violações à liberdade de
expressão. O documento compila os casos que aconteceram durante todo o
ano de 2015, de janeiro a dezembro.
Da Redação
Do ExpressoPB/Com informações do Rádio em Revista via 1ª Notícia
Do ExpressoPB/Com informações do Rádio em Revista via 1ª Notícia
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